Como Estimar a Vida Útil de um Capacitor Eletrolítico
|A vida útil de um capacitor eletrolítico depende, principalmente, dos seguintes fatores:
- Temperatura;
- Tensão de operação;
- Ondulação de corrente.
Perto do fim de sua vida útil, o capacitor perde capacitância e sofre um aumento considerável na resistência série equivalente [1]. Para evitar falhas prematuras em conversores estáticos por conta disso, é importante avaliar a vida útil esperada para o capacitor escolhido. Um projeto bem realizado pode estender a vida útil acima de 10 anos.
Nesse contexto, alguns fabricantes de capacitores já fornecem um gráfico que nos permite estimar a vida útil com base na ondulação de corrente e na temperatura ambiente. No artigo anterior, eu apresentei um exemplo numérico utilizando tal ferramenta. Mas para que possamos estimar a vida útil de capacitores nos casos em que os fabricantes não fornecem o gráfico, precisamos recorrer aos cálculos. E é isso que vamos ver no artigo de hoje.
Cálculo da Vida Útil de um Capacitor Eletrolítico
A vida útil do capacitor pode ser estimada por meio da seguinte equação [2]:
(1) |
onde:
L – vida útil resultante
L0 – vida útil especificada no datasheet
KT – fator de temperatura
KR – fator da ondulação de corrente
KV – fator de tensão
Fator de Temperatura KT
A vida útil dos capacitores eletrolíticos segue a regra conhecida como “10-Kelvin-rule”, a qual estabelece, segundo (2), que uma queda de 10K na temperatura ambiente dobra a vida útil do capacitor [3].
(2) |
Na equação acima, T0 representa a temperatura máxima suportada pelo capacitor e Ta é a temperatura ambiente para a aplicação em questão.
Fator da Ondulação de Corrente KR
O impacto da ondulação de corrente na vida útil do capacitor pode ser calculado como segue [4]:
(3) |
onde
IA – valor eficaz da ondulação de corrente calculado para a aplicação em questão.
IR – ondulação de corrente nominal na temperatura máxima (fornecido no datasheet).
ΔT0 – variação de temperatura no núcleo (tipicamente 3,5~5K para T0 = 105°C e 3,5~10K para T0 = 85°C).
Fator de Tensão KV
Para um capacitor eletrolítico radial de pequeno porte, a perda de eletrólito devido à variação de temperatura domina o modelo de vida útil. Nesse caso, o fator KV pode ser tomado como unitário (KV = 1) [2]. Por outro lado, para capacitores de médio e grande porte (com terminais de encaixe “snap-in” ou de parafuso), a tensão aplicada passa a impactar a vida útil do componente. Quanto mais a tensão de operação se aproxima da tensão nominal, mais o eletrólito é consumido diminuindo assim a vida útil do capacitor.
Uma maneira simples de considerar tal influência é dada pela expressão abaixo, obtida empiricamente por diversos fabricantes.
(4) |
sendo VR a tensão nominal e VA a tensão de operação. O exponente n é definido como segue
Exemplo Numérico
Para ficar mais claro o uso da equação (1), recomendo assistir o vídeo abaixo. Nele eu apresento um exemplo numérico comparando o resultado estimado analiticamente com o resultado obtido através do gráfico.
Referências
[1] A. Gupta, O. P. Yadav, D. DeVoto, and J. Major, “A review of degradation behavior and modeling of capacitors,” in Proc. Int. Tech. Conf. Exhib. Packag. Integr. Electron. Photon. Microsyst., Oct. 2018, pp. 1–10.
[2] A. Albertsen. “Electrolytic Capacitor Lifetime Estimation”. Jianghai® Europe Electronic Components.
[3] S. G. Parler, “Deriving life multipliers for electrolytic capacitors,” IEEE Power Electron. Soc. Newsl., vol. 16, no. 1, pp. 11–12, Feb. 2004.
[4] Nichicon Corporation®. “General Descriptions of Aluminum Electrolytic Capacitors“. Technical Notes CAT.8101E-1.